• Sobrevivi, e agora? #1 - Será o fim ou apenas um recomeço?

    Nesta série escreveremos sobre vários aspectos deste tipo de aventura, o temível APOCALIPSE, explorando suas possibilidades em vários aspectos diferentes.
    Cada post da série falará sobre um assunto dentro do tema e seguiremos até que eles se esgotem ou cansemos do assunto.

  • Armas, digo, “quase” armas

    Toda arma causa dano, mas nem tudo que causa dano é uma arma, partindo deste principio esse post se dedica a armas improvisadas, objetos pegos ao acaso durante o combate e a armas quebradas, em decomposição ou baratas demais.

  • Interpretando Gênios

    Interpretar uma inteligência abaixo da sua é fácil e geralmente também muito engraçado, mas quando a IQ do personagem supera a sua eis que surge o verdadeiro desafio.
    Como pensaria um ser de inteligência superior a sua?

  • Um Dia Triste - Quando um Personagem Morre

    Não é de hoje que a morte de um personagem é tratada como algo ignorável nas mesas de RPG.
    Vejamos as consequências da morte de um personagem e as reações que ela pode causar nos companheiros do herói que se foi.

  • GURPS Medieval Fantasia Existe

    GURPS é famoso por seus muitos livros e regras, que possibilitam uma variedade imensa de campanhas, desde viagens interplanetárias a policiais magos contra vilões alienígenas.
    E por que não, o famoso Medieval Fantasia?

  • Desvantagens - A alma do seu personagem

    Não é de hoje que os jogadores utilizam as desvantagens para ganhar mais pontos na ficha ou até procuram desvantagens que parecem “vantajosas” pra seu personagem.
    Vou tentar explicar como escolher-las e como utilizá-las.

-A+Adomingo, 8 de janeiro de 2012

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Masmorra Viva e Auto Preservação


Fala Polvo!

Hoje vou abordar um assunto óbvio pra qualquer mestre experiente, mas não tão claro assim pra quem é novo nessa função. Existe muita gente que aprende as regras de um sistema de RPG e resolve se arriscar no mundo dos narradores, só que nem sempre esse aspirante se lembra de pequenos detalhes triviais, como o fato de que masmorras não estão paradas no tempo. As masmorras abrigam aberrações bem menos civilizadas que animais (esse é o ponto: se animais não são civilizados, eles são ainda menos), criaturas que irão atacar praticamente qualquer coisa que se move, sem nenhum motivo. Masmorras são lugares horrendos, mas ainda são ecossistemas (e todo ecossistema evolui com o tempo).

Antes dos aventureiros chegarem pra quebrar tudo e roubar o tesouro, aquela masmorra era um local isolado e tranqüilo, que atrairia moradores como animais e criminosos, o problema é que em mundos de fantasia medieval e terror ainda tem os monstros, mortos vivos e demônios, que são atraídos pela nova fonte de alimento (ou almas). Pode ser que um dos criminosos em questão seja um vampiro ou um lich milenar, nesse caso, ele vai trazer seus próprios monstros. Mas o que isso tem a ver com ecossistema?

Muitas vezes o mestre iniciante fica empolgado com a variedade de monstros e criaturas que ele pode colocar em seu jogo, isso faz com que ele exagere na dose. Lembro bem de uma vez que eu estava jogando pela internet e o grupo invadiu uma velha mansão abandonada. Ao passarmos por uma porta que estava trancada nos deparamos com uma sala onde parte do teto havia cedido. Entre os escombros tinha um casal de aranhas gigantes, do outro lado da sala tinha uma parede quebrada, que levava até um cômodo onde dormiam pacificamente quatro orcs. Depois da luta com as aranhas fomos explorar a outra sala, mas um gdos heróis falhou no teste de furtividade, fazendo o chão ranger e acordando os orcs...

Pensem comigo: se a porta pela qual passamos estava trancada e o teto desabou, as aranhas acharam nos escombros um bom lugar pra namorar, até aí perfeito, mas a sala seguinte não tinha porta! O que impediu as aranhas de atacar os orcs quando eles chegaram? Outra coisa, o som de quatro aventureiros lutando contra um casal de aranhas gigantes e mal humoradas não foi o bastante pra acordar os orcs, mas o rangido de um piso carcomido de madeira foi?

Antes de sair povoando suas masmorras com monstros e mais monstros, procure encontrar a coerência disso tudo. Na natureza é raro ver mais que uma espécie co-habitando a mesma área pacificamente. Aranhas gigantes não pensam coisas como “um grupo de criaturas verdes e fedorentas apareceu ali, mas é só colocar uma meia na maçaneta que fica tudo certo” e nem os orcs pensariam coisas como “duas aranhas venenosas do tamanho do meu peito fizeram ninho na outra sala, mas eu to com tanto sono que nem ligo de virar comida delas”...

Pra elas os orcs são invasores! Pra eles as aranhas são ameaças! Será que naquela situação o mais forte não teria matado ou afugentado o mais fraco? Monstros mais inteligentes podem formar alianças ou adestrar outros monstros, mas será que tem como adestrar aranhas? Um dinossauro que fizer seu ninho perto de uma mina vai deixar os mineiros trabalharem em paz só porque eles são orcs? Claro que não, João! Eles vão pegar de pancada qualquer um que chegar perto! Se eles batem sem motivo algo, por que não vão bater pra proteger o território ou o ninho?

Outro ponto interessante é que nem mesmo o monstro mais idiota luta até a morte contra um inimigo mais forte que ele. Se você conseguir arrancar metade dos pontos de vida do seu agressor irracional, ele certamente vai seguir seu instinto de auto preservação e sair correndo o mais depressa que puder! A menos que a situação (ou algum efeito místico) diga o contrário, nenhuma criatura vai continuar lutando com um inimigo que está espancando ela por nada.

Enfim, antes de sair jogando monstros numa masmorra a torto e a direito, tente imaginar como eles se dariam uns com os outros e com o ambiente. Pense em como eles se comportam diante de um inimigo mais forte que eles e lembre-se: quebrar uma grande variedade de monstros é legal, mas uma grande variedade de monstros presa na mesma sala gera seleção natural...

Grande abraço pessoal, obrigado pela atenção.